Tráfico domina os trilhos da CPTM e expõe o abandono da segurança nas ferrovias
- Polícia Ferroviária Federal
- 6 de jul.
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Atualizado: 7 de jul.
Uma denúncia exibida pelo Primeiro Impacto da SBT trouxe à tona uma cena alarmante que, infelizmente, não surpreende quem acompanha o cotidiano das ferrovias urbanas do Brasil. Nos trilhos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), em São Paulo, o tráfico de drogas opera à luz do dia, sem qualquer disfarce ou receio da presença do Estado.

As imagens mostram grupos inteiros, incluindo menores de idade, vendendo e consumindo drogas abertamente em áreas próximas às estações São Miguel Paulista e Vila Aurora. A movimentação é intensa, os olheiros atuam livremente, e o comércio ilegal acontece com naturalidade entre os trilhos por onde passam diariamente milhares de passageiros. O cenário é de abandono, não apenas do espaço físico, tomado por sujeira e insegurança, mas do próprio conceito de autoridade pública.
A CPTM declarou que não tem poder de polícia para atuar nas áreas externas das estações e, por isso, colabora com as forças de segurança por meio das imagens do sistema de monitoramento. A Polícia Militar, por sua vez, afirma que realiza patrulhamento e apreensões frequentes na região, mas a continuidade da atividade criminosa comprova que medidas isoladas, desarticuladas e eventuais não são suficientes para enfrentar um problema de tamanha complexidade.
Esse tipo de ocorrência não é um caso isolado, tampouco novo. As ferrovias, especialmente em regiões metropolitanas, se tornaram rota e abrigo de diversas práticas criminosas, sem que exista, de fato, uma força especializada e permanente para coibir esses delitos. E é justamente aí que se nota a ausência da Polícia Ferroviária Federal (PFF).
Prevista na Constituição Federal desde 1988, a PFF é o órgão que deveria atuar de forma contínua, ostensiva e preventiva nas malhas ferroviárias brasileiras, garantindo segurança tanto para os passageiros quanto para o patrimônio público. No entanto, até hoje a corporação segue sem estrutura legal, sem efetivo, sem orçamento e sem poder de atuação. Está no papel, mas não nas ruas.
Se estivesse regulamentada, a Polícia Ferroviária Federal teria atribuição plena para agir nos trilhos da CPTM e em qualquer ferrovia federal ou concessionada, enfrentando diretamente situações como as que vimos em São Paulo. Seria presença, autoridade e ação onde hoje só existe omissão.
A realidade mostrada pela reportagem do SBT escancara o que há anos é ignorado: enquanto a PFF não sair do papel, os trilhos continuarão expostos ao domínio do crime, e a população seguirá pagando essa conta com medo, insegurança e abandono.
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